Este Blog foi criado para experimentações diversas. A ideia é compartilhar algumas reflexões e notas de campo.
domingo, 12 de maio de 2013
terça-feira, 7 de maio de 2013
Carta X
Encontrei essa carta no blog dos Escritores indígenas e reproduzo aqui para vocês:
--
Xipat Oboré (Tudo de Bom!)
______________
Daniel Munduruku
www.danielmunduruku.com.br
www.danielmunduruku.blogspot.com
Carta disponível em: http://escritoresindigenas.blogspot.com.br/
Uma carta para refletir
Em janeiro de 2008, escrevi pela primeira vez sobre minha queridíssima sobrinha Ana, minha terceira "filha" que, com especialização em educação indígena, aos 23 anos, mudou-se para Roraima para trabalhar com os Yanomami. Dividiria seu tempo entre Boa Vista e a floresta, onde viveu e vive as mais ricas experiências.
Nesta semana, recebi uma carta sua e, emocionada, vou reparti-la com vocês. Não é uma carta qualquer, pois, na simplicidade de suas palavras, encontrei uma verdadeira lição de vida, de dedicação, amor e desapego. Leiam devagarzinho, com atenção, pois ela merece ser lida com a alma.
"Querida família,
Hoje está fazendo três anos que cheguei aqui. Em uma tarde fria de 28 de agosto, peguei o avião de BH para o Norte e cheguei a Boa Vista com o coração apertado e um certo medo de não saber o que me esperava, sem saber viver fora de um ambiente protegido e rodeado por gente querida. Apesar de já ter morado na Itália e na Nova Zelândia, encontrei muito apoio por lá.
Hoje, depois de ter passado muito aperto, ter aprendido muita coisa sozinha, ter os momentos de choro, de solidão e de belas surpresas, sigo tranquila, sem a ansiedade que me acompanhou por tantos anos. É como se eu tivesse encontrado mesmo meu lugar. Estou feliz fazendo o que eu faço! Encontrei aqui também a pessoa que amo e que escolhi para compartilhar a vida, como a vovó tinha previsto.
Agora, moro na beira do rio Branco, em uma casinha muito legal. Aprendi a me comunicar bem em duas línguas Yanomami, tomar atitudes com mais segurança, cozinhar no fogão e na fogueira, tirar bicho de pé, estou conhecendo o universo riquíssimo Yanomami -que, muitas vezes, é desconhecido e desvalorizado, aprendi a usar a máquina de lavar roupas e a lavar roupa no rio, comprar peixe, ouvir mais as pessoas, dormir na rede por mais de um mês, ficar sem comunicação sem me desesperar, me virar quando só tenho eu mesma para cuidar de mim.
Aprendi a andar um pouco de wind surf no rio, a dividir os espaços, a ver que a minha opinião nem sempre é a certa e que as minhas vontades não são as maiores prioridades no mundo. Estou sempre aprendendo que existem muitos mal-entendidos entre índios e brancos, aprendi a dar aulas para índios, aprendi que, se não tem carne, as pessoas se viram para tirar proteínas de onde for, aprendi que os Yanomami têm um conhecimento etnobotânico e zoológico riquíssimo. Aprendi que trabalhar de verdade e com carteira assinada é dureza! (e nada de escapar para a praia!), aprendi que existe muito mais gente malandra do que imaginava, aprendi a ter um pouco mais de autoconfiança e que, às vezes, não podemos confiar nas pessoas tanto assim. Aprendo sempre que os índios têm muito a nos ensinar e precisamos escutá-los com cuidado.
Aprendi que miçangas da República Checa são bonitas e podem ser trocadas por macaxeiras, caranguejos e deliciosos cogumelos na floresta, aprendi que não conhecemos a diversidade que existe dentro do nosso Brasil, aprendi que tem pouquíssimo interesse geral em preservar as florestas, aprendi que a casa não fica limpa sozinha e que não precisamos ser tão neuróticos com os germes que existem, que os bichinhos da floresta têm uma carne gostosa e que, às vezes, pode ser estranho comer animais criados.
Aprendi que dá para viver bem sem carro e que na vida tem muitas coisas mais importantes do que ter um armário cheio e a programação do cinema em dia.
Aprendi a fazer pão de quijo estando fora de Minas, aprendi que Roraima tem muito político sujo e paisagens lindas. Desaprendi a ter medo de andar à noite sozinha, aprendi a lidar com a saudade do cinema e dos shows, aprendi que é preciso lembrar de trancar a casa antes de dormir, que é preciso viver com delicadeza e cuidado, que é preciso cuidar de mim e das relações.
Ainda não aprendi a viver sem saudade da família, dos amigos, dos lugares e das pessoas que me fizeram ser quem eu sou, que sabem me ouvir e com quem precisamos apenas de meias palavras para nos fazer entender.
Cheguei aqui com 23 anos; hoje tenho 26.
Meu cabelo está maior, alguns fios brancos precoces, o corpo mais magro e mais sardas no nariz por culpa do sol escaldante. Sinto que tenho um corpo e uma mente mais firmes para segurar os trancos e os "esfrias e esquentas" que é a vida.
Hoje, eu não aprendi, mas apenas sinto que estou feliz depois de tanta maré brava... Mas ainda tem muitas outras para enfrentar!
Ui, chega de devaneios neste sábado vagaroso de chuva...
kua hikia!
Beijos,
Ana".
PS.: A quem interessar, escrevi duas crônicas sobre a experiência de minha sobrinha Ana entre os Yanomami que podem ser encontradas no site: www.otempo.com.br. Do lado direito da tela, localizar o item "colunas" - Laura Medioli. Ao fim da crônica que aparecerá no visor, localizar o item "outras edições". Datas de publicação: 8 de janeiro de 2008 (Ana) e 15 de setembro de 2009 (Onde a felicidade se encontra).
Nesta semana, recebi uma carta sua e, emocionada, vou reparti-la com vocês. Não é uma carta qualquer, pois, na simplicidade de suas palavras, encontrei uma verdadeira lição de vida, de dedicação, amor e desapego. Leiam devagarzinho, com atenção, pois ela merece ser lida com a alma.
"Querida família,
Hoje está fazendo três anos que cheguei aqui. Em uma tarde fria de 28 de agosto, peguei o avião de BH para o Norte e cheguei a Boa Vista com o coração apertado e um certo medo de não saber o que me esperava, sem saber viver fora de um ambiente protegido e rodeado por gente querida. Apesar de já ter morado na Itália e na Nova Zelândia, encontrei muito apoio por lá.
Hoje, depois de ter passado muito aperto, ter aprendido muita coisa sozinha, ter os momentos de choro, de solidão e de belas surpresas, sigo tranquila, sem a ansiedade que me acompanhou por tantos anos. É como se eu tivesse encontrado mesmo meu lugar. Estou feliz fazendo o que eu faço! Encontrei aqui também a pessoa que amo e que escolhi para compartilhar a vida, como a vovó tinha previsto.
Agora, moro na beira do rio Branco, em uma casinha muito legal. Aprendi a me comunicar bem em duas línguas Yanomami, tomar atitudes com mais segurança, cozinhar no fogão e na fogueira, tirar bicho de pé, estou conhecendo o universo riquíssimo Yanomami -que, muitas vezes, é desconhecido e desvalorizado, aprendi a usar a máquina de lavar roupas e a lavar roupa no rio, comprar peixe, ouvir mais as pessoas, dormir na rede por mais de um mês, ficar sem comunicação sem me desesperar, me virar quando só tenho eu mesma para cuidar de mim.
Aprendi a andar um pouco de wind surf no rio, a dividir os espaços, a ver que a minha opinião nem sempre é a certa e que as minhas vontades não são as maiores prioridades no mundo. Estou sempre aprendendo que existem muitos mal-entendidos entre índios e brancos, aprendi a dar aulas para índios, aprendi que, se não tem carne, as pessoas se viram para tirar proteínas de onde for, aprendi que os Yanomami têm um conhecimento etnobotânico e zoológico riquíssimo. Aprendi que trabalhar de verdade e com carteira assinada é dureza! (e nada de escapar para a praia!), aprendi que existe muito mais gente malandra do que imaginava, aprendi a ter um pouco mais de autoconfiança e que, às vezes, não podemos confiar nas pessoas tanto assim. Aprendo sempre que os índios têm muito a nos ensinar e precisamos escutá-los com cuidado.
Aprendi que miçangas da República Checa são bonitas e podem ser trocadas por macaxeiras, caranguejos e deliciosos cogumelos na floresta, aprendi que não conhecemos a diversidade que existe dentro do nosso Brasil, aprendi que tem pouquíssimo interesse geral em preservar as florestas, aprendi que a casa não fica limpa sozinha e que não precisamos ser tão neuróticos com os germes que existem, que os bichinhos da floresta têm uma carne gostosa e que, às vezes, pode ser estranho comer animais criados.
Aprendi que dá para viver bem sem carro e que na vida tem muitas coisas mais importantes do que ter um armário cheio e a programação do cinema em dia.
Aprendi a fazer pão de quijo estando fora de Minas, aprendi que Roraima tem muito político sujo e paisagens lindas. Desaprendi a ter medo de andar à noite sozinha, aprendi a lidar com a saudade do cinema e dos shows, aprendi que é preciso lembrar de trancar a casa antes de dormir, que é preciso viver com delicadeza e cuidado, que é preciso cuidar de mim e das relações.
Ainda não aprendi a viver sem saudade da família, dos amigos, dos lugares e das pessoas que me fizeram ser quem eu sou, que sabem me ouvir e com quem precisamos apenas de meias palavras para nos fazer entender.
Cheguei aqui com 23 anos; hoje tenho 26.
Meu cabelo está maior, alguns fios brancos precoces, o corpo mais magro e mais sardas no nariz por culpa do sol escaldante. Sinto que tenho um corpo e uma mente mais firmes para segurar os trancos e os "esfrias e esquentas" que é a vida.
Hoje, eu não aprendi, mas apenas sinto que estou feliz depois de tanta maré brava... Mas ainda tem muitas outras para enfrentar!
Ui, chega de devaneios neste sábado vagaroso de chuva...
kua hikia!
Beijos,
Ana".
PS.: A quem interessar, escrevi duas crônicas sobre a experiência de minha sobrinha Ana entre os Yanomami que podem ser encontradas no site: www.otempo.com.br. Do lado direito da tela, localizar o item "colunas" - Laura Medioli. Ao fim da crônica que aparecerá no visor, localizar o item "outras edições". Datas de publicação: 8 de janeiro de 2008 (Ana) e 15 de setembro de 2009 (Onde a felicidade se encontra).
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Xipat Oboré (Tudo de Bom!)
______________
Daniel Munduruku
www.danielmunduruku.com.br
www.danielmunduruku.blogspot.com
Carta disponível em: http://escritoresindigenas.blogspot.com.br/
segunda-feira, 6 de maio de 2013
Cartas XI
Carta redigida por Edson Baikari e assinada por diversas lideranças indígenas do país, em nome do Movimento Contra o Infanticídio Indígena.
terça-feira, 12 de março de 2013
sexta-feira, 8 de março de 2013
quinta-feira, 7 de março de 2013
Cartas VI
Pra continuar falando de carta, eis que Tonico e Tinoco vem nos apresentar uma carta doída...
Cartas V
Achei esse vídeo com trechos de um espetáculo de dança contemporânea intitulado Cartas Brasileiras.
Cartas IV
"Você se lembra, quando puxou para cima suas roupas e me deixou ficar sobre você olhando para cima enquanto você fazia? Depois você ficou com vergonha até de me olhar... " Esse vídeo que garimpei no youtube é uma leitura feita pelo ator Caco Ciocler das Cartas eróticas trocadas entre o escritor James Joyce e sua mulher Nora Barnacle. Outra carta, outras idéias...
quarta-feira, 6 de março de 2013
Cartas III
Achei esse vídeo que é uma narração das cartas de Van Gogh para seu irmão... Retrato de alguns momentos de sua vida e de suas reflexões... "Quando se é pintor passa-se por louco pu por milionário: leite custa um franco, pão com manteiga dois e os quadros não se vendem". E o pintor segue dizendo "Gostaria de pintar homens ou mulheres com aquele não sei quê de eterno".
Cartas II
Outro vídeo, em que a carta é significada de forma transcendental A atriz Nair Belo, recebeu uma carta de Chico Xavier... Na descrição do vídeo tem o conteúdo da carta em pormenores...
Cartas
terça-feira, 5 de março de 2013
Perguntas para início de pesquisa de corpo para performance
De volta às postagens no blog, espaço este que ando experimentando, retorno agora para compartilhar um processo de pesquisa para a performance "Carta pra que te quero" (nome passageiro). Influenciada por Marina Abramovic e sua performance no MOMA em NY, por uma série de autores como Canclini, Dussel, Mignolo, Castells, Lipovetski, Dumont, alguns debates da antropologia sobre identidade e perfomance abro este espaço para uma pesquisa imagética sobre cartas, máquinas, olhares, memórias.
A reflexão que dá origem a esse impulso criador é o conceito de identidade, tanto debatido na academia e nos órgãos públicos para a criação de políticas que atendam à diversidade. Perguntas movem esse processo para frente. Que identidade é essa que as pessoas reivindicam para si? E esta fragmentação do sujeito, para onde leva as relações humanas? Tem gente que reivindica para si a nomenclatura de pós-moderno, mas será que no nosso contexto brasileiro latino americano sabemos o que é modernidade?? Ainda reproduzimos relações coloniais de poder?Há quem queira resolver esse impasse desdobrando algumas idéias dando nomes e criando conceitos: modernidade líquida, modernização reflexiva, modernidade tardia, modernidade alta, hipermodernidade, modernidade retroativa, trans-modernidade.. e por aí vai
Individualismo, consumismo, hedonismo,fragmentação do tempo e espaço, desenvolvimento avassalador das formas tecnológicas permeiam essa vida GLOBALIZADA(?) que nos assola e produz novas formas de interações entre os humanos. A identidade, tão importante para o sujeito na compreensão da vida é uma construção social estabelecida que faz os indivíduos se sentirem mais próximos e semelhantes ao delinear suas diferenças em relação ao outro. .
Quem é esse outro com quem estamos constantemente em contato?Será que hoje temos tempo para nos dispor ao outro? O que esse outro pensa, sente, do que ele ri, chora, o que o agita, tranquiliza?? Se me disponho ao outro aprendo sobre mim? Sentimos o coração do outro em suas dores e em seus amores? Por que fazê-lo? Vale a pena se envolver?O que me diz um olhar?O que me diz um sorriso? A quem interessa um olhar? E um sorriso?
Alguém se senta na cadeira, e disposto a escrever, sincretiza elementos da tradição e da modernidade para produzir novos padrões de identidade. E isso me faz pensar em máquina de escrever. Isso mesmo, essa tecnologia já deixada de lado e sumariamente substituída pelo computador. Quem se lembra qual a diferença entre redigir um texto numa máquina de escrever e num computador?Existe diferença? Existe um estranhamento em relação à antiga tecnologia?
A reflexão que dá origem a esse impulso criador é o conceito de identidade, tanto debatido na academia e nos órgãos públicos para a criação de políticas que atendam à diversidade. Perguntas movem esse processo para frente. Que identidade é essa que as pessoas reivindicam para si? E esta fragmentação do sujeito, para onde leva as relações humanas? Tem gente que reivindica para si a nomenclatura de pós-moderno, mas será que no nosso contexto brasileiro latino americano sabemos o que é modernidade?? Ainda reproduzimos relações coloniais de poder?Há quem queira resolver esse impasse desdobrando algumas idéias dando nomes e criando conceitos: modernidade líquida, modernização reflexiva, modernidade tardia, modernidade alta, hipermodernidade, modernidade retroativa, trans-modernidade.. e por aí vai
Individualismo, consumismo, hedonismo,fragmentação do tempo e espaço, desenvolvimento avassalador das formas tecnológicas permeiam essa vida GLOBALIZADA(?) que nos assola e produz novas formas de interações entre os humanos. A identidade, tão importante para o sujeito na compreensão da vida é uma construção social estabelecida que faz os indivíduos se sentirem mais próximos e semelhantes ao delinear suas diferenças em relação ao outro. .
Quem é esse outro com quem estamos constantemente em contato?Será que hoje temos tempo para nos dispor ao outro? O que esse outro pensa, sente, do que ele ri, chora, o que o agita, tranquiliza?? Se me disponho ao outro aprendo sobre mim? Sentimos o coração do outro em suas dores e em seus amores? Por que fazê-lo? Vale a pena se envolver?O que me diz um olhar?O que me diz um sorriso? A quem interessa um olhar? E um sorriso?
Alguém se senta na cadeira, e disposto a escrever, sincretiza elementos da tradição e da modernidade para produzir novos padrões de identidade. E isso me faz pensar em máquina de escrever. Isso mesmo, essa tecnologia já deixada de lado e sumariamente substituída pelo computador. Quem se lembra qual a diferença entre redigir um texto numa máquina de escrever e num computador?Existe diferença? Existe um estranhamento em relação à antiga tecnologia?
sábado, 2 de fevereiro de 2013
Rabiscos sobre "Uma descrição densa" de Clifford Geertz
Geertz em sua “Descrição Densa” faz a defesa do uso de metáforas na
construção intelectual . O autor utiliza duas metáforas principais para
ilustrar seu texto: a piscadela de um garoto (na verdade 3: o que tem toque
nervoso, o que está tramando algo e o imitador) e a história do judeu e os
beberes. O autor admite que seu conceito de cultura toma emprestado de Weber a
compreensão de que o indivíduo está envolvido em tramas que ele mesmo teceu. A
partir daí, Geertz defende que a redução do conceito de cultura de forma a
limitá-lo e especificá-lo faz com que seja um forte aparato teórico para a
compreensão da realidade. Sua definição de cultura diz que esta são as teias
simbólicas que envolvem o indivíduo. A etnografia é a descrição densa dos fatos
observáveis cujo objeto é passível de ser interpretado. O texto etnográfico é
denso porque permite interpretações próprias de terceira mão do pesquisador (já
que de primeira mão só o agente da cultura poderia fazê-lo). A análise dos
dados para a interpretação é um esforço em compreender as estruturas de
significação que envolvem determinado fato.
Para o autor, o trabalho do etnógrafo assemelha-se ao do crítico
literário. Fazer etnografia se assemelha um pouco ao trabalho do paleontólogo
em que o grande desafio é compreender para interpretar manuscritos antigos e
desbotados. Sendo o ensaio a forma de escrita mais abrangente na
etnografia. A etnografia fornece um
vocabulário teórico que expressa o ato simbólico na vida humana. Por fim, o
autor defende que comprometer-se a um conceito semiótico de cultura significa
comprometer-se a compreender que a etnografia não é um processo acabado, mas se
constrói no próprio fazer e sempre será incompleto.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2013
Reflexões
O que um antropólogo realmente quer?
Quer desvendar os segredos de outra cultura?
Quer estudar e conhecer muito bem outras culturas a fim de
facilitar a dominação?
Quer viver e conhecer outra cultura porque não suporta a
superficialidade das relações que despendem do modo de produção em que vivem?
Quer viver e conviver com outra cultura para trocar saberes
e aprender compreender melhor o mundo e as coisas à sua volta?
È o tradutor da cultura alheia para sua própria?
Na verdade o que o antropólogo quer é desenvolver seu
trabalho de branco que vive numa fronteira cultural sempre entre a sua cultura
e a outra. É uma profissão plural. Faz-se necessário ser muitos ao mesmo tempo.
Todo ser humano é assim: mutável, muitos em um só. O antropólogo não foge à
regra e tem essa pluralidade como profissão.
Poderia eu comparar o antropólogo ao ator?
O ator também precisa ser muitos em um só.
O ator representa, o antropólogo também: participativamente.
O ator finge, chora e ri, o antropólogo dissimula.
O ator tem o palco, o antropólogo o campo.
O ator tem a iluminação, o antropólogo as variações do
tempo.
O ator tem público, o antropólogo também: ouvintes e
leitores.
Podemos então concluir que o antropólogo na verdade é um
ator que desenha e desdenha com alto grau de destreza sua máscara social, de
tal forma que se adapta bem às novas peças/dramas que serão vividos.
O ser humano é ator.
O antropólogo é ser humano.
O antropólogo é ator.
E como ator basta-lhe, para que interprete o que está sendo
vivido em todos os seus âmbitos rituais e organizacionais.
Na verdade o antropólogo é um contador de histórias.
Por fim,
arte e antropologia não compõem caixas separadas
Complementam-se em lirismos e histórias.
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