Geertz em sua “Descrição Densa” faz a defesa do uso de metáforas na
construção intelectual . O autor utiliza duas metáforas principais para
ilustrar seu texto: a piscadela de um garoto (na verdade 3: o que tem toque
nervoso, o que está tramando algo e o imitador) e a história do judeu e os
beberes. O autor admite que seu conceito de cultura toma emprestado de Weber a
compreensão de que o indivíduo está envolvido em tramas que ele mesmo teceu. A
partir daí, Geertz defende que a redução do conceito de cultura de forma a
limitá-lo e especificá-lo faz com que seja um forte aparato teórico para a
compreensão da realidade. Sua definição de cultura diz que esta são as teias
simbólicas que envolvem o indivíduo. A etnografia é a descrição densa dos fatos
observáveis cujo objeto é passível de ser interpretado. O texto etnográfico é
denso porque permite interpretações próprias de terceira mão do pesquisador (já
que de primeira mão só o agente da cultura poderia fazê-lo). A análise dos
dados para a interpretação é um esforço em compreender as estruturas de
significação que envolvem determinado fato.
Para o autor, o trabalho do etnógrafo assemelha-se ao do crítico
literário. Fazer etnografia se assemelha um pouco ao trabalho do paleontólogo
em que o grande desafio é compreender para interpretar manuscritos antigos e
desbotados. Sendo o ensaio a forma de escrita mais abrangente na
etnografia. A etnografia fornece um
vocabulário teórico que expressa o ato simbólico na vida humana. Por fim, o
autor defende que comprometer-se a um conceito semiótico de cultura significa
comprometer-se a compreender que a etnografia não é um processo acabado, mas se
constrói no próprio fazer e sempre será incompleto.
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